Quem sou eu

promove encontros que facilitam o compartilhar de experiências relacionadas ao cotidiano de mulheres e homens do século XXI. Trocar experiências e delinear o auto-conhecimento fazem parte desta proposta que tem as psicólogas Adriana Roitman e Patricia Banheti como coordenadoras.

Nossa história


O Beneditta nasceu a partir de um desejo de trabalhar com grupos. Nossa trajetória começou em 2007, quando, através de trabalho voluntário, criamos um grupo terapêutico para mães de crianças em tratamento oncológico, entre outros, dentro da Casa Assistencial Maria Helena Paulina – Apoio à criança com câncer, na cidade de São Paulo.

O objetivo deste grupo era promover um espaço seguro para dialogar com pares na mesma situação, acolhendo e dando suporte para as questões que permeavam este grupo especial.

Ao perceber que esta aspiração encontrava eco, este trabalho foi tomando forma e, adicionado a cursos específicos que aprofundaram nosso olhar em relação à atuação com grupos, fundamos, em 2009, nosso primeiro grupo feminino. Esta trajetória ganhou corpo com novas formações em 2010, o que gerou novos olhares dentro da perspectiva deste trabalho.

Atualmente o Beneditta conta com dois grupos fixos femininos, além de realizar grupos focais ao longo dos semestres.Este caminhar tem como missão, promover encontros terapêuticos fundamentados na riqueza das trocas entre os participantes, no acolhimento e na confiança do poder transformador destes.


terça-feira, 18 de maio de 2010

A raiva é bela

A raiva bateu à porta...Deixo-a entrar?
Não falo daquela fechada que você levou no trânsito e que te fez gritar impropérios que te fazem corar...também não estou citando aquelas ocasiões em que uma pessoa desconhecida te frustra e você sente que por um triz não partiu para a ignorância ( aqui em especial cito os milhares de trabalhadores dos SAC das empresas, SERVIÇO DE ABORRECIMENTO AO CONSUMIDOR, ai que ódio!)
Novamente...A raiva bateu à porta...Deixo-a entrar?
Se eu permitir que venha ao meu encontro, o que farei com ela? Essa pergunta não nos vem à consciência toda vez que sentimos esta emoção pouco valorizada, no entanto inconscientemente respondemos sempre à esta questão. A raiva que machuca é aquela que um outro significativo nos suscita. A mãe, o pai, o marido, o filho, a sogra, a amiga querida, a colega de trabalho. Após a situação se instalar, rapidamente colocamos na balança se vale a pena responder à altura, se não é mais fácil engolir este sapo a colocar em risco o emprego, a empregada, o amigo, o casamento, a viagem, enfim, será que é possível liberar a raiva de forma a não pôr tudo a perder?
Esse é o nosso grande medo. Será que damos conta de responder à demanda na medida certa? Será que não vai virar um mar de ódio e ressentimento? Será que ao expor meus sentimentos ficarei fragilizada? Se eu começar a chorar conseguirei parar? Não será mais fácil respirar fundo, comer um chocolate, chorar no comercial, fumar um cigarro? Talvez, mas você vai saber o quanto está doendo, enquanto o outro...
Acontece que, por não ser legitimada pela sociedade, a raiva normalmente percorre o caminho do estômago. E haja úlcera! Literalmente a engolimos, pensando que assim estaremos salvaguardando nossa reputação - ah, ela é tão boazinha e fina, nunca desce dos tamancos!
E essa forma de responder, ou melhor, não responder, vai aumentando nosso pavor de perder o controle ao lidar com este sentimento que é próprio, real e que tem, por função, nos proteger, colocar limites, mostrar ao outro o que é permitido e o que não é.
Treinar nossa resposta raivosa é, antes de tudo, parte do auto-conhecimento; coloco limites e não me transformo numa louca desvairada; grito quando pisam no meu calo, me faço respeitar e consequentemente não fico ressentida; choro de raiva mas as lágrimas não se transformam numa enxurrada que leva tudo embora, destruindo vidas, sonhos, casamentos, empregos e amizades.
Da mesma forma que deixamos uma criança chorar de raiva e a abraçamos depois, aceitando as desculpas e mostrando nosso amor, acolhamos nossas manifestações de raiva, elas são legítimas, mostram ao outro nossos limites e nos trazem a doce sensação de sermos humanas!

Adriana Roitman