Quem sou eu

promove encontros que facilitam o compartilhar de experiências relacionadas ao cotidiano de mulheres e homens do século XXI. Trocar experiências e delinear o auto-conhecimento fazem parte desta proposta que tem as psicólogas Adriana Roitman e Patricia Banheti como coordenadoras.

Nossa história


O Beneditta nasceu a partir de um desejo de trabalhar com grupos. Nossa trajetória começou em 2007, quando, através de trabalho voluntário, criamos um grupo terapêutico para mães de crianças em tratamento oncológico, entre outros, dentro da Casa Assistencial Maria Helena Paulina – Apoio à criança com câncer, na cidade de São Paulo.

O objetivo deste grupo era promover um espaço seguro para dialogar com pares na mesma situação, acolhendo e dando suporte para as questões que permeavam este grupo especial.

Ao perceber que esta aspiração encontrava eco, este trabalho foi tomando forma e, adicionado a cursos específicos que aprofundaram nosso olhar em relação à atuação com grupos, fundamos, em 2009, nosso primeiro grupo feminino. Esta trajetória ganhou corpo com novas formações em 2010, o que gerou novos olhares dentro da perspectiva deste trabalho.

Atualmente o Beneditta conta com dois grupos fixos femininos, além de realizar grupos focais ao longo dos semestres.Este caminhar tem como missão, promover encontros terapêuticos fundamentados na riqueza das trocas entre os participantes, no acolhimento e na confiança do poder transformador destes.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Por que é tão difícil falar de sentimentos?

Falar sobre amenidades, sobre os outros, sobre política e economia, futebol e novela. Falar sem pensar, sem medir as palavras, sem que de fato o impulso passe pela razão que organiza a linguagem. Tudo isso é rotineiro, nem nos damos conta do quanto batemos a língua para sobreviver em um mundo onde sons e barulhos se impõem dia e noite.

Parece fácil e é. Desde que não resvale naquilo que nos é difícil colocar em palavras. Naquilo que dói ou que não conseguimos compreender. Naquilo que gostaríamos de ter controle, mas que nos controla, passa a perna, nos desarma e fragiliza.

Cada um carrega em sua história um ou mais sentimentos não valorizados, mal interpretados ou reprimidos. A partir do contexto sócio-afetivo-religioso aprendemos ou não a nomear e interpretar aquilo que sentimos. Infelizmente também somos compelidos a julgar, a negar e a reprimir tudo aquilo que não legitimamos em nome de sermos aceitos no mundo que nos cria e avalia, permeados todo o tempo pela cultura que nos cerca.

É muito comum, na clínica e no cotidiano, perceber que muitos confundem ciúmes com inveja. Ou não sabem diferenciar angústia de ansiedade. Têm dificuldade em interpretar sinais de raiva e medo, mágoa e rancor. Ou não conseguem soletrar afetivamente o sentimento amor.

Pode parecer banal, mas o não reconhecimento e o não acolhimento das próprias emoções criam formas de “ser e estar no mundo” que causam muito sofrimento. Não legitimar a raiva, por exemplo, faz com que o sentimento que é comum a todos e que tem a ver com a invasão de nossos limites e direitos, passe como um leve incômodo, algo que não deve ser experenciado e colocado “para fora”. A vítima reprime a emoção e passa, com o tempo, a não reconhecer seus sinais que são, em última instância, necessários à sobrevivência.

Se formos desconstruir essa não validação da raiva chegaremos, entre outros, ao medo do descontrole, de entrar em conflitos destrutivos, deixar de agradar todo mundo, decepcionar pessoas queridas e por aí vai. Acontece que quando não é vivida no dia-a-dia, passa a ter a força de um tsunami quando menos se espera, destruindo o que estiver pela frente quando explode – que é justamente o medo daquele que reprime este sentimento...

Da mesma maneira, aquelas pessoas que se dizem duronas, que têm problemas em amar, que não acreditam serem capazes de se envolver afetivamente com alguém ou culpam a sorte por não ter encontrado a “alma gêmea”, podem esconder seu grande potencial amoroso justamente por medo da própria fragilidade, do pavor do abandono, da sensação de morte em caso da falência afetiva. Protegem-se mergulhados na própria dor, por mais insensato que isso possa parecer; não reconhecem que vivem sim o abandono e o horror da morte – mas provocado por eles mesmos, o que dá certa sensação de controle. E haja sofrimento.

Muitos chegam ao consultório em situações que têm, em seu âmago, o não reconhecimento do que se deseja. Demandas que correm em paralelo com o que se sente, que não se cruzam em ponto algum, revelando o quanto se vive no impróprio, sem sentido, ou melhor, no “não sentido”.

Enfim, falar de sentimentos é percorrer a própria história, ouvir os medos que nos paralisam, encarar as máscaras que usamos para esconder o que realmente somos e finalmente entender que, aquilo que tentamos esconder de nós mesmos é justamente o que um dia emerge e nos engole.
Adriana Roitman

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